O Projeto
O Semi-Árido Brasileiro se estende por uma área que abrange a maior parte de todos os Estados da Região Nordeste (86,48%), a região setentrional do Estado de Minas Gerais (11,01%) e o norte do Espírito Santo (2,51%), ocupando uma área total de 974.752 Km2.
Possui características próprias, com peculiaridades há muito tempo conhecidas. É uma terra marcada pela irregularidade das chuvas, determinando longos períodos de secas, com fortes deficiências hídricas nos rios, solos e ecossistemas xerófilos e graves conseqüências sociais para seus habitantes, que apresentam elevada dependência dos recursos naturais e os piores indicadores sociais do país.
A vegetação predominante da caatinga é uma expressão do clima, bem como de outros fatores geo-ambientais representados pelo relevo, material de origem e pelos organismos, numa interação que ocorre ao longo do tempo e que resulta, também, na determinação de todo o quadro natural.
Do ponto de vista do meio ambiente, dois dos maiores problemas associados ao semi-árido são o elevado grau de degradação ambiental e o baixo conhecimento quantitativo e qualitativo de sua biodiversidade. O bioma das Caatingas é, provavelmente, o mais mal conhecido em relação à flora e fauna e um dos que têm sofrido maior degradação, pelo uso desordenado e predatório, nos últimos 400 anos.
Nessa região vive o sertanejo, detentor de cultura, linguagem e costumes próprios, características mal compreendidas, resultando na formulação de políticas de desenvolvimento que têm falhado nas metas de melhorar os péssimos indicadores sociais da região.
Algumas transcrições de estudiosos a respeito da temática demonstram claramente as dificuldades vivenciadas pelos sertanejos e sertanejas, o descaso e o conseqüente agravamento das vicissitudes.
Nos anos 1960, Nelson Pereira dos Santos em Vidas Secas e Glauber Rocha em Deus e o Diabo na Terra do Sol apresentaram o sertão Nordestino, como um ambiente inóspito, seco e quase sem vida, perseguido por um sol causticante. O mesmo espaço reaparece em Baile Perfumado, 1996, de Paulo Caldas e Lírio Ferreira e em Abril Despedaçado, 2001, de Walter Sales.
Coincidentemente, emerge também nos domínios da ciência um novo olhar sobre a Caatinga – dos ecossistemas existentes, este é o único inteiramente brasileiro e o menos estudado, revelando-se muito mais rica em espécies exclusivas de plantas e animais, como peixes, lagartos, aves e mamíferos, do que se imaginava.
Este fantástico ecossistema e suas riquezas onde vivem cerca de 28 milhões de pessoas, precisam ser mais estudados e conhecidos, sua cultura e seu povo mais valorizado, abrindo caminhos para segurar a sua gente neste lugar.