Artigo: Museus conservam e fazem Ciência

A palavra museu surgiu no grego (mouseîon) para definir o “templo das musas”, as nove entidades mitológicas que inspiravam a criação artística e científica na Grécia Antiga. A bela Urânia, hoje representada com o globo terrestre e um compasso, era a madrinha da Astronomia. A definição desfaz na origem a ideia de que museus são sarcófagos do passado. Na verdade, se testemunham a trajetória, também sinalizam e até forjam o futuro de uma civilização.

Em recente visita a Washington, pudemos verificar a pujança de uma instituição que o Brasil deve ter como meta replicar – o Instituto Smithsonian, na Esplanada Nacional, matriz de uma teia cultural e científica de 18 museus e galerias. Diz a lenda que um curioso levaria 80 anos, em oito horas por dia, para deter-se no acervo de 150 milhões de itens.

O complexo atrai 20 milhões de visitantes por ano, e este aspecto da Ciência e da Cultura como atrações turísticas é um dos efeitos fomentadores de um ambiente científico que todo País deve almejar. Ou seja, museus podem ser centros de divulgação científica que potencializem a curiosidade maciça de investigação e inovação na sociedade, para, no fenômeno clássico de a quantidade afunilar-se em qualidade, formar pessoal qualificado a resolver problemas nacionais pelas ferramentas da Ciência.

No âmbito do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação temos bons exemplos de museus que entrelaçam passado e futuro, como o Emílio Goeldi, em Belém, além do de Astronomia e o do Observatório Nacional, ambos no Rio de Janeiro. Combinam pesquisa e divulgação, oferecendo aos visitantes exposições permanentes, bibliotecas e cursos, ao mesmo tempo em que realizam investigações avançadas em suas áreas de atuação.

Trata-se agora de expandir esse binômio conceitual, com vistas à disseminação de uma mentalidade científica. Já estamos negociando com o Smithsonian o repasse de sua experiência, para promovermos a popularização da Ciência no Brasil.

Publicado em 6 de junho de 2015